Naya Violeta fez um desfile extremamente alegre e divertido baseado em estampas multicoloridas que tratavam do tema “Fartura” pela ótica da afro-latinidade. A artista e ilustradora Aline Bispo, conhecida por trabalhos em grafite no centro de São Paulo e pela capa do livro “Torto-Arado” de Itamar Vieira Júnior, assina as principais estampas da coleção. As ilustrações mostravam desenhos vistosos de mesa posta e de cadeiras de plástico, e outros com cara de padronagens, como as sardinhas e a de textura de um sabugo de milho, que são alimentos sagrados do Candomblé. A estampa mais “clássica” era um listrado largo de azul e branco…
A fartura aparece também nas formas soltas do corpo, nos vestidos amplos e tops com babados, nas sobreposições de camisa ou vestido sobre saias, nas calças amplas com vários bolsos cargo, nos cáftas e nas túnicas usadas abertas na parte de cima. Destaque para a capa vermelha de mohair feita com retalhos. Fartura não pode ser sinônimo de desperdício: a Roche Design fez as bolsas de crochê feitas com embalagens de água sanitária recicladas e O Badulaque fez as bolas a partir de resíduo têxtil. Joana Treger fez os objetos de cerâmica e Dani Guirra os colares, braceletes e maxi brincos que lembram folhas e peixes.
SP Arte - 2022
Desde 2005, a SP–Arte reúne em seus eventos galerias de arte e design, editoras, revistas, museus e instituições. Durante o evento, colecionadores, profissionais e amantes da arte podem aproveitar, além das milhares de obras de arte trazidas pelos expositores, conversas sobre o fazer artístico, lançamentos de livros e audioguias.
Em 2022, a SP–Foto, nosso tradicional evento de agosto, cresceu e passou a abranger múltiplas linguagens artísticas, além da importante presença da fotografia. Trata-se da SP–Arte: Rotas Brasileiras, que acontece de 24 a 28 de agosto na ARCA, galpão industrial na Vila Leopoldina, em São Paulo.
Com foco em projetos selecionados, sejam eles solos ou coletivos, a feira busca estreitar laços entre agentes das cinco regiões do país, valorizando a produção fotográfica e artística de todo o território nacional. Segundo Fernanda Feitosa, diretora da SP–Arte, “existe uma produção de altíssima qualidade que vem da Amazônia, do Vale do Jequitinhonha, de capitais e interiores em diferentes regiões às quais nem sempre temos acesso. SP–Arte: Rotas Brasileiras é um convite a essa imersão”.
Participam 70 expositores, entre galerias de arte de norte a sul do país e projetos convidados que costuram diferentes pontos de vista do Brasil.
Serena Finitude - 2022
Esta é a história de duas irmãs. Uma é serena, a outra, curiosa. Serena, a que veio antes, cuida da irmã caçula, que, como seu nome sugere, quer saber de tudo, entender a razão das coisas. Pela janela, elas miram a paisagem e observam os ciclos da natureza e refletem sobre as fases da vida: a matéria, a memória, o fim. Tudo que se transforma.
Estreia da cantora e compositora Anelis Assumpção na literatura, Serena finitude é uma narrativa lírica e poética sobre o amor, a vida e a morte que conta com as ilustrações da co-autora, artista visual Aline Bispo, que trabalhou com diferentes técnicas, como pintura, aquarela e colagem, para traduzir em imagens o universo de afeto, descobertas e encantamentos das duas irmãs.
Na parceria com a Hering, Aline Bispo se inspirou na cultura local, em um amplo contexto. Belezas Brasileiras surge com o desejo de valorizar as belezas existentes nas histórias, nos corpos, no cotidiano, na fauna e flora do Brasli. A coleção cápsula rendeu peças lisas, em tonalidades vibrantes, com grande destaque para os prints repletos de significado, onde a artista pensou em estampas que celebram também a ancestralidade brasileira, as mãos que tocam a terra e seus frutos em diversidade.
Na parceria com a Hering, Aline Bispo se inspirou na cultura local, em um amplo contexto. Belezas Brasileiras surge com o desejo de valorizar as belezas existentes nas histórias, nos corpos, no cotidiano, na fauna e flora do Brasli. A coleção cápsula rendeu peças lisas, em tonalidades vibrantes, com grande destaque para os prints repletos de significado, onde a artista pensou em estampas que celebram também a ancestralidade brasileira, as mãos que tocam a terra e seus frutos em diversidade.
conjuntura que dá ensejo à primeira exposição de Aline Bispo está revestida de importância que transcende e ao mesmo tempo confirma as qualidades dessa mostra. De fato a artista também é uma protagonista desse momento extraordinário na história recente da arte contemporânea brasileira, já que nunca como agora a sensibilidade afrodiaspórica recebeu a atenção que mais do que merecidamente tem despertado. Parte dessa atenção está voltada à robusta produção artística realizada por mulheres, mulheres cujo trabalho foi quase sempre subestimado e sub-representado em galerias, museus e seus congêneres. A atenção que essas realizações despertam deve-se entre outros fatores a luta empreendida pelas mulheres negras contra o racismo, pela conquista de espaço e igualdade de oportunidades e, não menos importante, pela qualidade e potência expressa em obras que não podem ser contornadas pelas narrativas pautadas na heteronormatividade branca e, portanto, excludente que se quer hegemônica e que por isso mesmo flerta com a obsolescência quando não reconhece o valor e a riqueza expressa na diversidade que caracteriza nossa sociedade. Valores da diversidade, aliás, apoiados pela galeria Luis Maluf.
A artista que já tem um trabalho reconhecido e consolidado enquanto ilustradora apresenta nessa mostra pinturas em pequenos e médios formatos realizadas em tinta a óleo, acrílica e guache que apresenta uma série de retratos de personagens negros, geralmente sozinhos e em diferentes atitudes. Em comum essas personagens tem a cor da pele elaborada em tons terrosos escuros, há certa indistinção no que se refere aos seus rostos que são apenas sugeridos e adivinhados através da massa de tinta. Esta opção da artista encontra paralelo em outros expoentes da arte afro brasileira contemporânea e sugere um caminho que flerta com a ideia da busca por um “arcaico mítico”, uma identidade comum aos negros e negras que, apesar disso, não anula a individualidade das personagens já que identificamos delas a sua classe, origem social, gênero e claro, raça.
Nesses trabalhos de Aline Bispo a velocidade da execução está patente no padrão das suas enfáticas pinceladas deixadas à mostra na superfície da lona ou do papel evidenciando os processos que a artista adota na realização dos seus trabalhos. O expressionismo que é resultado desse procedimento realça a sensualidade da sua paleta e na sua concepção de sua pintura traduzida em superfícies de cores sólidas e brilhantes de onde emergem figuras de construção tensa e de lirismo ríspidas realçadas pelo monocromatismo do plano contra o qual elas estão confrontadas.
O racismo nega a civilização da diáspora afro-atlântica a qualidade das suas conquistas e a competência dos seus realizadores, a medicina que chamamos rústica (ou popular) em geral baseada em ervas, é o tradicional lenitivo das populações excluídas, a ela recorrem todos os que não têm acesso a outro tipo de socorro. São tecnologias e saberes prospectados em outras tradições, também essa arte representada nos trabalhos da mostra “A medicina rústica, pinturas de Aline Bispo” convida-nos a participar de uma experiência afro-diaspórica contemporânea e ancestral investigada e vertida em imagens através do filtro poético da artista Aline Bispo.
A nova exposição, “O Instante já Passou”, reúne nomes de cinco expoentes artistas nacionais: Aline Bispo, Anny Lemos, Heloisa Marques, Marina Sader e Tatiane Freitas. Com narrativas que dialogam conceitualmente entre si, os trabalhos apresentados transitam em questões como pertencimento, espaço, tempo e cotidiano.
A Mostra Brasileires entregou à cidade de São Paulo seis murais, entre eles o da artista visual e ilustradora Aline Bispo com a homenageada da mostra, Lélia Gonzalez.A mostra convida cidadãos a se conectarem e repensarem o direito à cidade, a natureza e a sociedade de forma mais consciente, alegre e colorida. O projeto, com apoio de Fanta e curadoria de Kleber Pagú e Fernanda Bueno, conta com empenas que poderão ser encontradas em diferentes pontos do Minhocão, elevado histórico localizado na região central que completou 50 anos no dia 25 de janeiro 2021 e, ao longo dos anos, tem sido alvo de debates em torno de sua demolição, bem como a criação de um parque.
A Série Assunção, que ainda está em curso, foi desenvolvida, inicialmente, para a exposição Tenho meus olhos abertos não posso mais escapar, que aconteceu no Instituto Adelina Cultural entre 11/2019 e 01/2020 e fez parte do Programa de Incentivo a Jovens Artistas e Curadores em parceria com o Centro Universitário Belas Artes e com a PUC - SP.
Aparecida nas águas do rio Paraíba, a santa que virou sinônimo de padroeira, objeto de arte, souvenir de romeiros, estilistas e pagãos é resgatada desse mar e atualizada, colocada à frente de nossos olhos. Enredando-as nas questões de raça, gênero e diásporas. Volta-se para o corpo memória, corpo político. Faz emergir no nosso tempo, o tempo mundano, profano, o que aniquila corpos negros e periféricos.
No país que a mulher negra está no topo dos índices de violência entre outras tantas desigualdades. Cobrindo-a com o manto do agora endeusa a mulher humana. A dimensão do real, vivo e pulsante nos olhos das modelos.
No seu “santuário” cabe também às telas. Pequenas pinturas, pequenos relicários de força pictórica . Um azul profundo dos mares adensa o manto pesado de massa, que o coloca como uma montanha firme e impávida, mitológica e sincretista. Aquela que é de todos, a nossa senhora.
A Performance "Tudo o que não cabe em outros lugares encaixa-se aqui" tem seu título extraído do livro nem preto nem branco muito pelo contrário de Lilia Schwarcz e surge como uma provocação sobre o não-lugar onde o corpo pardo, chamado de branco por alguns e de preto por outros, se encaixa. Além de buscar o entendimento das construções brasileiras a partir de raça, classe, gênero e hibridismos culturais.
A performance já foi apresentada no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, em 2019 e no SESC 24 de Maio, em 2021, na ocupação "Raquel Trindade, olhares inspirados", onde também foi registrada em audiovisual.
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Arte de capa para o livro vencedor do Prêmio LeYa 2018, Prêmio Jabuti e Oceanos 2020, TORTO ARADO, de Itamar Vieira Junior, conta a história de Bibiana e Belonísia. Filhas de trabalhadores rurais, as irmãs encontram nas profundezas do sertão baiano uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estão ligadas — a ponto de uma precisar ser a voz da outra.
Um romance realista e mágico que com extrema habilidade narrativa revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social de um Brasil encalhado no próprio passado escravista.